terça-feira, 16 de abril de 2013


Sabes? Hoje permito-me ao sentimento: Gosto de ti! Sério, gosto mesmo. É a forma subtil e discreta com que crias os momentos que me faz sentir sempre desafiada. Uma simples viagem ao teu encontro está repleta de uma loucura sã que queria que todos vivessem, uma vez que fosse na vida. É o não pensar e o optimizar o agir que me libertam as amarras. O normal que frisaste não ser o que pensei é o que te caracteriza e o que teimo em não aceitar. E desse normal surge todo um ser talhado pelo contributo biológico e social, de onde lhe escapa uma réstia de sensibilidade que julgo escondida de propósito. Aprendi a ler-te ao longo dos anos, não dedicando muito tempo a decifrar o verdadeiro significado de cada pormenor da tua acção. Não porque não quisesse, não me entendas mal, mas antes porque percebi que era um erro crasso esquartejar de uma forma mesquinha a tua alma. És aquilo que me entregas. És aquilo que me fazes sentir. És aquilo que me mostras nos mais ínfimos detalhes da nossa comunicação. Não há toque, cheiro ou gosto que te esqueça. Teimo num trabalho mental de salvamento de cada momento "normal", que tornaste nostálgico por não poder ser novamente vivido na mesma intensidade. Levarei sempre de ti os minutos dedicados às lágrimas, os sonos interrompidos, as conversas deambulantes, o desejo de estar e ser contigo, a perfeição no encaixe do teu ombro, a flor no cabelo, a tensão no olhar, os avanços e os recuos, o sentimento de pertença a algo indecifrável e ilógico. Guardarei as tuas palavras como uma herança, com o seu quê de história e potencial de futuro. Ainda há de chegar o dia em que minutos se tornarão horas, horas se tornarão dias e dias se tornarão anos de uma convivência que não quero ver extinta. Que tenhamos sempre a capacidade de nos ler mutuamente no meio do que dizemos sem pensar, no meio da nossa capa de segurança que não podemos fingir que não existe. Que tenhamos sempre a sorte de sentir a química humana a correr-nos nas veias. Que continues astuto na resposta ao chamamento que o meu coração faz ao teu, no silêncio da minha ausência sem sentido. Que nunca nos falte a capacidade de sonhar com os pés assentes na terra. Que não percas a vontade de me presentear com normalidades tão dotadas de significado. Que eu não perca a capacidade de me encantar com a escolha livre, tantas vezes efémera na duração mas tão eterna na marca que quer deixar. Por tudo isto, por tudo o que não me permite a expressão verbal mas antes a intensa vivência, por aquilo que revelas, por aquilo que transformas em mim, por ti, por mim, por nós: Gosto de ti! Porra, como este meu gostar é um gesto tão terno e se basta a si mesmo, sem necessidade de retorno para ser verdadeiro!

2 comentários:

Inês disse...

Antes de mais, vou escarrapachar com o link no meU facebook, porque este texto merece ser lido!!
Porra!!!
Muito, muito, muito bem escrito, fizeste-me sentir o que estavas a sentir, e parva é a pessoa que não o vê!!
Muito bom!!
PARABÉNS!!!

Helena disse...